Capítulo 08

Os dias se passaram, e Flávio sempre saía logo do serviço para voltar correndo para casa e ir dormir.
Na maioria das vezes sequer jantava: entrava em casa e ia direto para o quarto.
Se Letícia o interceptasse no caminho, dirigindo-lhe os insultos de costume, ele usava seu método infalível e era como se alguém apertasse um botão de “mudo”, calando Letícia.
Ela, por sua vez, começou a estranhar as atitudes do marido. Pensou que o pai poderia ter alguma coisa a ver com isso.
“Ele deve ter feito a cabeça desse capacho idiota contra mim. Isso não vai ficar assim!”.

A alegria de Marcela era tão evidente, que contagiou seus alunos do cursinho de artesanato. Aos poucos o carisma da menina virou notícia na vila, e todos queriam fazer as aulas, pois a alegria de Marcela contagiava a todos com quem convivia – exceto sua irmã invejosa e seu pai rancoroso.

Decidida a acabar com a alegria da irmã, Lúcia, num acesso de fúria, arrombou a salinha de aula, em uma noite, e destruiu todo o material utilizado nas aulas.
Os habitantes da vila sequer suspeitaram de sua atitude, atribuíram a fatalidade a algum bicho, que poderia ter entrado na sala em busca de comida e estragou tudo.
Sem material, as aulas foram suspensas por tempo indeterminado.

Marcela ficou chateada, mas sabia que poderia contar com Flávio sempre para lhe confortar à noite, em seus sonhos.

Naquele dia, Letícia entrou na sala do escritório do seu pai como um furacão.
Não pediu licença, não cumprimentou, apenas entrou e logo foi ameaçando Sérgio, colocando o dedo em sua cara:

- Você fez a cabeça dele contra mim!
- Do que você está falando, Letícia?
- Não minta, seu velho asqueroso! Você sabe muito bem do que eu estou falando. Qual será o próximo passo: me deserdar, para colocar o seu capacho no meu lugar?
- Você só pode estar louca!
-Ah, eu estou tudo, menos louca. O que eu fiz até hoje é fichinha perto do que estou prestes a fazer!

Sérgio ficou preocupado, pois sabia que o jantar anual da empresa estava chegando.
Ele achava que Letícia estava tramando um grande escândalo, para embaraçar toda a família.
Temendo que isso acontecesse, Sérgio foi conversar com Flávio, para tentar se antecipar e prever o que sua filha estaria tramando.

- Eu realmente não sei, Senhor Sérgio.
- Você está muito diferente de alguns meses para cá, Flávio.
- Diferente como? Pra melhor ou para pior?
- Para melhor. Você parece mais feliz, mais disposto. Como estão as coisas com a Letícia e as crianças?
- Na mesma. Eu passei a não me incomodar mais com isso.

Foi então que Sérgio desconfiou e suspeitou que Flávio poderia estar tendo um caso extra-conjugal.

- Você está tendo um caso? – arriscou Sérgio.
- Não, claro que não! Jamais trairia sua filha, senhor Sérgio.
- Eu não te condenaria se você fizesse isso, mas não ficaria muito feliz. Se for fazer, faça muito bem feito e escondido, para não humilhar a minha família. Eu só gostaria que você fosse sincero comigo e nunca me escondesse nada. Você pode contar qualquer coisa para mim.
- Obrigado, senhor Sérgio. Fique tranquilo que o senhor sempre será o primeiro a saber de tudo. Mas eu não tenho e nem pretendo ter uma amante.

Depois dessa conversa, Flávio ficou pensativo, preocupado com o significado dos seus sonhos: “será que estou me apaixonando pela mulher que eu mesmo criei em meus sonhos? Seria isso uma traição a Letícia?”.

Mas Letícia não se dava por vencida e decidiu investigar Flávio.
A única forma que ela sabia de arrancar de um homem tudo o que ela queria saber, seria seduzindo-o.
Como sempre, Flávio chegou em casa, ansioso para ir dormir.
Nessa ansiedade nem notou que as crianças não estavam em casa.
Ao chegar no quarto, deparou-se com Letícia trajando sua melhor lingerie.

- Estou cansado, Letícia, quero dormir.
- Ao, meu amor, você tem dormido muito ultimamente...
- É muito trabalho, estresse...
- Então, eu posso te ajudar, bobinho.

Letícia não aceitou as indiretas de Flávio, e partiu para o ataque.
Ele resistiu até onde pode, e como percebeu que ela não iria ceder, foi categórico e afirmou:

- Não, Letícia! Estou cansado, quero dormir!
- Admita: você tem outra!
- Não fale bobagens!
- Que bobagem? A única explicação para você não querer transar comigo é porque você tem outra!
- Nada disso, minha cara. Eu não quero transar com você porque você é uma bêbada, que não cuida dos filhos e jamais me amou. Eu fui um plano de provocação para o seu pai, só que esse plano deu errado. Agora pare de me perturbar e saia daqui para que eu possa dormir!

Era a primeira vez que alguém falava assim com ela. Ainda mais alguém que ela sempre considerou tão inferior.
“Como ele se atreve a me rejeitar? Quem ele pensa que é?”, Letícia se perguntava várias e várias vezes, sem parar.
Flávio se atirou na cama, tentando dormir, mas o dia todo voltava em sua cabeça, sua conversa com Sérgio, a cena com Letícia, o jantar da empresa chegando... Era muita coisa para uma cabeça só.

Na frente da cabana, Marcela esperava ansiosamente por Flávio, para poder contar do acidente que aconteceu em sua classe, daquele bicho horrível que havia impedido dezenas de pessoas de terem momentos tão agradáveis e felizes nas suas aulas de artesanato.
“Onde ele está? Será que eu fiz alguma coisa errada?”, aflita, remoía Marcela consigo mesma.
“Eu preciso me concentrar. O sonho é meu, eu posso comandar como eu quiser. Ele tem que aparecer!”.

Algumas horas depois, finalmente Flávio pegou no sono.
Chegou correndo na praia, chamava por Marcela desesperadamente, mas não a encontrava.
Procurou atrás das pedras, na cabana, nos arredores. Marcela não estava lá.
“O que significaria isso? Será que esses meus sonhos seriam uma traição, então eu eliminei Marcela deles? Não, não pode ser!”.

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