Capítulo 18
Flávio estava quase chegando no hotel, quando Letícia o intercepta.
Naquele momento ele imaginou que ela já soubesse de tudo.
Mas não imaginava o que já havia acontecido entre ela e Marcela.
- O que você quer, Letícia?
- Vamos passar uma borracha nisso tudo. Você errou, eu também errei. Estamos quites. Devolva tudo e todos aos seus devidos lugares e volte para casa.
Flávio ficou desconfiado.
Assim, sem gritos, sem brigas, sem ameaças?
Apenas uma simples frase, no meio da rua?
Não... Algo estava errado, muito errado.
E ele estava determinado a descobrir o que era. Insistiu:
- O que você quer, Letícia?
- Quero você de volta em casa. Quero tudo como era antes.
- Ah, você quer dizer, de volta à sua manipulação, àquele ambiente de brigas, humilhações, de dois filhos que me odeiam, do seu pai me usando para destruir dezenas de famílias?
- Esquece isso, vai...
- Esquecer? Letícia, isso é crime! E eu não quero ser cúmplice disso! Porque na hora que isso tudo estourar, EU é que vou me dar mal!
- Você só vai se dar mal, meu bem, se você se separar de mim. Você acha que o genro do grande e poderoso Sérgio será preso? Claro que não! Isso tudo é facilmente abafado.
- Abafado? Como assim?
- Você acha que tudo sempre foi às mil maravilhas naquele lugar horroroso? Você acha que você é o primeiro a ter que lidar com a situação? Ah, tenha dó, né? Ou você é muito inocente, ou muito burro!
Flávio estava em dúvida se Letícia estava tentando colocar panos quentes, para controlar a situação a mando de seu pai, ou se estava aproveitando uma última oportunidade de fazer exatamente o oposto do que ele queria, para provocar Sérgio.
- Esqueça, Letícia, acabou.
- O QUÊ?
- Fala baixo! Estamos no meio da rua!
- Eu posso fazer um escândalo, você sabe disso!
- Sim, eu sei o quanto você gosta de um barraco.
- Flávio, pensa bem... Você não vai querer brigar comigo, enfrentar a minha família.
- Você tem razão, eu não quero brigas. Por isso eu vou me divorciar de você e você vai aceitar numa boa.
- NUMA BOA O CARAMBA!
- Não grita, Letícia!
- Se você se separar de mim, eu exponho seu caso e você vai ficar sem nada, lembra?
- Primeiro que eu não tenho caso nenhum. Segundo que eu também posso pedir um exame de DNA e provar que os meninos não são meus filhos. Aí você sai sem nada, que tal?
- Besteira! Você não seria capaz disso!
- Duvida? Paga pra ver, então.
Pela primeira vez Flávio conseguiu deixar Letícia sem palavras.
- Tá bom. Então quanto você quer?
- Como assim?
- Vai, fala... Quanto você quer?
- O "paga pra ver" não era de forma literal, Letícia, não seja burra!
Flávio não diz nada, apenas olha espantado e com muita raiva para Letícia.
- Eu sei, seu palhaço. Nunca fui burra, você sabe disso. Vai, fala! Qual o seu preço? Quanto você quer pra mandar aquela rameira de volta pro poço de onde ela nunca deveria ter saído, e passar uma borracha nisso tudo?
- Você acha mesmo que pode me comprar, Letícia?
- Pensa bem, cara... Olha só aonde você chegou e tudo o que você tem! Você vai mesmo querer jogar tudo isso no lixo por causa de um casinho?
- Casinho? Você é mesmo doente, Letícia! Você e a sua família! Vocês precisam de tratamento urgente!
Flávio virou as costas e foi em direção ao hotel.
- VOCÊ VAI SE ARREPENDER, FLÁVIO!
Ele voltou e disse:
- Eu me arrependi de ter me envolvido com você e a sua família. Agora estou livre, isso sim!
- Você vai perder tudo!
- Ao meu ver, você tem muito mais a perder do que eu.
Letícia fica parada na calçada, olhando Flávio entrar no hotel.
- É mesmo? Vamos ver, então, Flavinho...
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