
Olho
meu corpo estendido no chão. Olho as pessoas que chegam assustadas,
o jardim, a piscina tingida de sangue... Nada mais me importava, tudo
havia acabado: minha idade, meus pais, a faculdade, os amigos... Bruno!
Onde estaria ele? Será que já sabia da minha morte? Claro! Ele estava
na festa, havia de saber.. Tantos planos que fizemos juntos... Ele
jurou para mim que um dia se separaria e, então, nos casaríamos. Mas
agora estava confuso, estranho. Eu estava vendo o meu corpo na piscina,
todo aquele sangue, as pessoas indo e vindo, chorando, gritando...
E eu querendo dizer que estava ali, assistindo a tudo. Elas passavam
por mim, por "dentro" de mim! Eu estava assustada e com medo.

Vi
meu pai se jogar na piscina e me resgatar, desesperado, na esperança
de ainda me encontrar viva. Mas tudo em vão. Puxa, como eu estava
horrível! Molhada, suja de sangue e com o pescoço cortado...
Um delegado, amigo do meu pai, chegou rapidamente e começou a fazer
várias perguntas. Eu ouvia vozes, choros, lamentações, tudo ao mesmo
tempo... Era muito confuso. Senti uma sonolência cair sobre mim. Deitei-me
na grama verdinha, recém aparada e dormi.

O
despertador tocou seis e meia. Já estava atrasada! Tomei meu banho,
como de costume, vesti minha calça jeans preferida, uma camiseta amarela
e o tênis novo que ganhei no meu aniversário... Ah, como é bom ter
23 anos! Penteei meus cabelos loiros que caíam sobre os ombros, passei
meu melhor perfume francês. Peguei uma maçã e fui para a garagem.
Encontrei James manobrando o carro:
- Aqui está, senhora.
- Obrigada, James. Ah, faz um favor para mim?
- Pois não? - disse ele com aquele olhar calma, parecendo estar com
sono.
- Avise minha mãe que não almoçarei em casa hoje.
- Vão almoçar com o senhor Eduardo? - perguntou-me.
- É, vou sim. Tenho alguns assuntos para tratar com ele, mas devo
voltar antes das cinco.
Fui para a Faculdade.

Logo
que entrei, encontrei Mônica sentada nas escadarias da frente.
- Nossa, como "estou" bonita! - disse ela com um jeito esnobe - Aonde
"vou" tão chique assim? Com certeza não foi para mim que você se arrumou
desse jeito. Será que isso tem a ver com o nome Bruno?
- Claro! Hoje sem falta contarei ao Edu o nosso caso.
- Você vai terminar?
- Lógico que vou!
- Mas ele é casado!
- E daí?
- E se a mulher dele descobrir?
- Não tem problema, nós somos amigas. Ela nem desconfia...
- Cuidado, a Arlete não é boba, Suzan.
- Não se preocupe, Mônica, eu sei o que estou fazendo.
- Seus pais sabem...
- Não! - gritei - E espero que nem saibam. Se meu pai sequer suspeitar
que eu tenho um caso com um homem casado e que esse homem trabalha
com ele... Ah, ele é capaz de me matar!
- Bom, Suzan, então é melhor você tomar cuidado ao se encontrar com
ele.
- Calma, eu tenho tudo sob controle. Entramos na faculdade e fomos
para a sala de aula.
O dia passou lentamente. Eu não via a hora de me encontrar com o Eduardo
e contar-lhe de uma vez por todas que o nosso namoro era uma farsa,
e que eu o usava para não levantar suspeitas sobre o meu romance com
o Bruno. Agora não me preocupava mais se descobrissem. Na noite passada
ele me prometera que logo iria se separar e então nos casaríamos.

Sentei-me
à mesa. Estava tão preocupada com o que diria ao Edu que nem ouvia
o que ele falava. Era um restaurante comum, não chegava nem aos pés
dos que Bruno me levava. Esse sim tinha bom gosto: vinho branco, caviar,
lagostas... Tratava-me como uma princesa. Eduardo era totalmente o
oposto de Bruno. Ele era muito comum, fazia "coisas" que só as pessoas
comuns fazem. Bruno não. Ele sempre arrumava programas diferentes
para fazermos. Realmente, ele fazia mais meu tipo: moreno, alto, olhos
azuis, bonito, simpático e rico. Nos divertíamos muito. Olhei fundo
nos olhos de Eduardo e, sem medir as conseqüências, contei-lhe tudo.
Falei rapidamente, sem pausas, no mesmo tom lúcido que sempre tive.
Ele ficou calado, me observando. Eu sabia que esta não seria a única
reação dele. Na verdade Eduardo era cínico e imprevisível. Levantou-se,
olhou nos meus olhos e, com gestos calmos e lentos, segurou a toalha
da mesa. Como se um raio atingisse sua cabeça, ele a puxou com toda
a sua força, gritando:

-
Cadela! Você é uma cadela, Suzan! Usa e abusa das pessoas que estão
à sua volta e depois que enjoa, você as joga fora!
- Não é verdade...
- Cale a boca! - continuava gritando - Você não é digna de me dirigir
a palavra...
- Está bem, seja como você quiser, Eduardo dos Santos Ferreira, seja
como você quiser...
- Você vai se arrepender de ter me feito de trouxa nestes três anos,
Suzan. Eu posso não ser rico e bonito como esse Bruno, mas eu nunca
enganei você. Ou você acha que ele irá se divorciar depois de onze
anos de casado só por um capricho seu? Ele vive muito bem, obrigado,
com a sua mulherzinha, viu?
O ódio tomou conta de mim. E era um ódio tão grande que não respondi
por meus atos: fechei a mão direita e acertei-lhe o queixo.

Saí
correndo e voltei para casa. Subi correndo as escadas e tranquei-me
no quarto. Chorei muito. Não de arrependimento, mas pela vergonha
que passei no restaurante. Ouvi baterem à porta.
- Quem é? - perguntei.
- É o James, senhora. Trouxe aquele suco de maracujá que a senhora
tanto gosta. Vai lhe fazer bem. Vai acalma-la.
- Não quero, James, pode levar. Se alguém me telefonar ou visitar,
diga que não estou.
Passei o resto da tarde e a noite toda pensando no fim de semana que
estava próximo.
Registrei tudo no meu diário. Ah, meu querido diário! Esse sim sabe
tudo sobre minha vida.

Bruno
inventou uma viagem de negócios e convenceu Arlete de que não poderia
leva-la. Eu falei para meus pais que passaria o fim de semana na praia
com a Mônica.
Eles concordaram.

Então,
sábado de manhã, Bruno e eu fomos para Búzios passar um fim de semana
maravilhoso. Finalmente pude descansar das tensões por que passei
durante aquela semana.

Esqueci-me
de tudo: família, Eduardo, Arlete, Mônica, James... Bruno deu-me uma
corrente, um cordão de ouro. Guardei-o carinhosamente no diário.
Voltamos
domingo à noite. Bruno me deixou na esquina de casa, com um beijo
apaixonado. A rua estava escura e deserta. - Meus olhos me enganam
ou a senhora estava com o Dr. Bruno?
- Ai, James, você me assustou! Por acaso esteve me vigiando? O que
eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta!
- Desculpe, senhora, mas eu só estava fazendo uma ronda.
- E desde quando você faz ronda, James?
- Ora, a senhora não sabe que têm ocorrido vários assaltos ultimamente?
Não é bom para uma senhora tão bonita ficar até essa hora na rua,
ainda mais com um homem casado...
- Chega, James! Isto é problema meu.
Passei a semana toda tentando falar com a Mônica. Ou ela não estava
ou ninguém atendia. Achei estranho tê-la visto três vezes na faculdade

-
Estou namorando, Suzan.
- Sério!? Quem é ele?
- Eu vou leva-lo na festa da sua irmã, assim você fica conhecendo...
É dia oito, não é?
- É sim. E prepare-se porque é daquelas festas de acabar na madrugada
do dia seguinte!
Na
quarta-feira Bruno e Arlete vieram jantar em casa. Estava tão feliz!
Parecia ter voltado aos meus dezoito anos.
- Cuidado, senhora. Se o seu pai desconfiar que tens um caso com o
senhor Bruno... Ele pode até matá-la. Sabe como é o seu pai...
- Cale a boca, James! É melhor você ficar quietinho e não contar a
ninguém o que viu senão quem vai morrer será você, não eu.
Sentamo-nos à mesa. Bruno e eu trocávamos olhares cúmplices, sempre
vigiados pelo "olhar" de Arlete.
Depois do jantar, mamãe e Arlete foram à sala principal conversar.
Ana, minha irmã, foi dormir. Meu pai foi pegar dinheiro no cofre,
afinal Bruno havia conseguido fechar um negócio muito importante que
traria grandes benefícios à empresa. Merecia uma recompensa.

Bruno
e eu nos encontramos na piscina. A noite estava linda, estrelada.
Uma brisa leve e solta corria pelo ar, por nossos rostos, pelos cabelos.
Trocamos um beijo fiel e apaixonado, nos esquecendo que havia um mundo
cruel que proibia nosso amor.

-
O que você está fazendo, Bruno?
- Arlete!?
- O que significa isso?
- Não é nada - disse trêmulo - nada, meu bem.
- Como nada? Vai dizer que você estava tirando um cisco do olho dela?
Que desculpa esfarrapada... Eu vou embora.
No dia seguinte, notei o sumiço do meu diário.
Consegui fazer com que Bruno viesse à festa da minha irmã sem Arlete,
e fazer com que ela não contasse o que vira. Ele falou que eu o agarrei
e que há muito tempo vinha tentando fazer isso, mas nunca havia ocorrido
antes. Ela acreditou e não tocou mais no assunto.
Mas alguma coisa me dizia que o diário estava com ela.

Bruno
chegou à festa todo elegante, como sempre.
Mônica chegou um pouco mais tarde, com Eduardo.
- O que você está fazendo aqui? - perguntei a ele.
- Ele agora é meu namorado, Suzan - falou Mônica com orgulho.
- Falsa! Você nunca foi minha amiga, Mônica. Me incentivou a terminar
com o Edu só para ficar com ele. Você é muito invejosa...
- Não, não sou invejosa, Suzan. Eu simplesmente não agüentava mais
ver você fazendo gato e sapato dele. Você não presta! É uma cadela,
mesmo. Imaginem só, tem um caso com um homem casado que nem liga pra
você!
- Saiam daqui! Saiam já! Não quero mais vocês aqui! Saiam!
Corri para a sala. Encontrei Bruno.
Atirei-me em seus braços e chorei desesperadamente.

-
Diga que me ama! Diga que vai se separar dela! Diga, vamos, diga!
- Eu te amo, mas não posso me separar da Arlete, Suzan. São onze anos
de casamento, querida, não posso joga-los assim para o alto...
- Mas e eu, como fico?
- Vamos dar mais um tempo...
- Não! Você me prometeu...
Empurrei-o contra a parede.
Corri para o bar, peguei uma garrafa de vodca e a levei para a piscina.
Já era madrugada do dia seguinte.
Um ladrão entrou na casa.
Todos corriam e gritavam, mas eu estava tão bêbada que não conseguia
fazer nada.

Todos
correram para a garagem e eu fiquei ali. Quando dei por conta do que
estava acontecendo e fui correr para me salvar também, alguém me puxou
pelo braço.
- Você não pode ficar sem punição. Acabou com minha vida e não vai
sair assim. Eu te odeio!

Tirou
o cordão da bolsa com umas luvas pretas na mão.
- O cordão que Bruno me deu em Búzios...
- Este mesmo! Era para ser meu! Ele nunca se separaria de mim para
ficar com você.
Jogou meu diário no chão.

Tentei
pegá-lo, mas Arlete pegou o cordão e puxava-o contra meu pescoço.
A respiração me faltava. Jogou-me na piscina. Lembro-me de ter dado
um grito e depois me senti na água.

Acordei
rapidamente como num susto. Agora vejo meu corpo ali, ensangüentado
e todos me olhando com pena e lamentação.
O policial pegou meu diário e levou para a central.

Depois
de algumas semanas Arlete foi presa.
Pelo menos foi o que Bruno me contou, ajoelhado diante do meu túmulo,
com um bouquet de rosas amarelas na mão, como fazia toda sexta-feira.

Foram
2 meses de exaustiva gravação. Depois, mais 1 mês
até a página ficar pronta.
Mas todos os esforços valeram a pena.
O elenco está super contente de finalmente estar na Web.
Com excessão de Laura Almadém, conversamos com todo
o elenco, inclusive Fabiana, a escritora da trama.
Conheça agora os bastidores de "A Morte de Suzan".
MOF:
Fabiana, fala prá gente sobre a história. Como e quando
você a escreveu?
Fabiana: Bom, eu escrevi quando tinha 17 anos. Foi um trabalho
feito na escola para a aula de redação. Depois foi feito
um concurso entre os alunos. Todos votaram e a minha redação
foi a vencedora.
MOF:
Então o tema não foi você quem escolheu?
Fabiana: Não. No caso foi a professora. Ela já
tinha o perfil da Suzan, que aliás é baseada num fato
verídico, com a história do diário e a arma do
crime. Também apontou os suspeitos, mas cada um decidia qual
seria o assassino.
MOF:
Foi fácil escolher o assassino?
Fabiana: Não me preocupei muito com isso. Na verdade
até a metade da história ainda não tinha decidido
quem seria. Procurei fazer de um jeito que não ficasse muito
evidente o assassino. Hora a história aponta para um, hora
para outro suspeito.
MOF:
E por que transformá-la em um site sobre The Sims?
Fabiana: Porque adoro o jogo e já havia feito o Diária
da Any Livic. Certa vez, ainda com o diário no comecinho, postei
a história e algumas fotos no Fórum da The Sims Brasil.
O pessoal gostou e então decidi levar a idéia adiante.
MOF:
Como você escolheu os atores?
Fabiana: Mais ou menos com o perfil que eu criei na época
em que escrevi a história. Apenas dei forma aos personagens.
Depois construí uma cidade cenográfica e coloquei a
moçada para trabalhar.
MOF:
Por que você não colocou a Any Livic para atuar nesta
história?
Fabiana: Porque a escalei para o elenco de C.S.I. - Crime Sims
Investigation, idéia do meu marido, Maurício. Em breve
vocês a verão nessa trama.
MOF:
E os efeitos especiais?
Fabiana: Apenas na foto em que Suzan (Laurinha) se vê
morta possui efeitos especiais. Nas demais não há nenhum
tipo de montagem.
MOF:
Bom, então obrigado, Fabiana e aguardamos a estréia
de C.S.I. - Crime Sims Investigation.
MOF:
Cláudio, como foi para você interpretar o Eduardo?
Cláudio: Ah, foi legal, sei lá. Ele é
um corno que se deu bem no final, né?
MOF:
O que vocês têm em comum?
Cláudio: Eu, heim? Espero que NADA! Deus me livre ser
corno!
MOF:
É verdade que você e a Patrícia Hamburgo iniciaram
um romance no set de gravação?
Cláudio: Olha, sobre a minha vida privada eu não
falo. Pergunta prá ela...
MOF:
Tá certo, tá certo... Obrigado, então, Cláudio.
Mas agora vamos entrevistar Laércio Junco, que interpretou
Bruno, o amante de Suzan, rival de Eduardo. Diga, Laércio,
Fátima Liz, que é sua esposa na vida real não
ficou com ciúmes de suas cenas de amor com Laura Amadém,
que interpretou Suzan?
Laércio: No início sim, mas Fátima é
uma excelente profissional. E também ela ficou mais aliviada
por que sabia que a Laura ia morrer no final.
MOF:
Você quer dizer que a Suzan ia morrer, certo?
Laércio: Não, era a Laura mesmo.
MOF:
Como assim??? Laura morreu???
Laércio: Isso mesmo. Sabe, o orçamento estava
meio apertado e a gente tava meio sem grana para comprar a lápide.
Como a Laurinha era uma excelente atriz, suuuuper profissional, não
queria que a história acabasse. Aí, ele deu tudo de
si (liretalmente) e deu um grande realismo à cena.
MOF:
Puxa! E como foi isso?
Laércio: Bom, a gente deixou ela uns 3 dias sem comer,
levamos para uma festa de arromba, mas não deixamos ela dançar,
nem sentar. Também não deixamos ela tomar banho. Aí,
nós jogamos ela na piscina e tiramos as escadas, para ela não
conseguir sair. Daí foi só esperar alguns minutos até
a energia dela acabar e pronto. Lá tava ela boiando...
MOF:
Puxa, estou meio sem palavras... É... Patrícia, venha
cá e me diga uma coisa: o elenco se dava bem?
Patrícia: Nossa, super bem. Somos todos amigos. De vez
em quando a gente até sai.
MOF:
E como fica a turma sem Laura Almadém?
Patrícia: Ah, normal. A Laurinha era uma excelente atriz.
Fez tudo pela arte! É um grande exemplo a ser seguido.
MOF:
E você, faria a mesma coisa que ela?
Patrícia: Tá louco! Pensa que eu sou otária?
Só tenho 20 e poucos anos! Você acha que eu vou me afogar
numa piscina prá provar que eu sei atuar? Sai fora!
MOF:
É, bom... Nossa, tá difícil... Fátima,
quais são seus planos para o futuro?
Fátima: Agora que Laurinha queridíssima está
out of business, vou me concentrar para ganhar os prêmios do
Studio Town.
MOF:
Mas atualmente Any Livic tem ganho todos os prêmios...
Fátima: Pois é, darling, mas ela está
fazendo C.S.I. agora, né? Quem sabe um dia a sala da lareira
não pega fogo e alguém tira todas as portas, meu bem...
Nessa profissão a gente nunca sabe das coisas, não é
mesmo fofo?
MOF:
É... Bom... Sei lá... É... Vamos encerrar por
aqui e vocês ficam agora com algumas imagens dos bastidores
de "A Morte de Suzan".

Cidade Cenográfica (Faculdade e Casa de Suzan)

Elenco batendo um rango

Festa após o último dia de gravação

A morte de Laura Almadém, que interpretou Suzan