Entre Amigas

Capítulo 05


A coisa ta feia! A Nessa e o Doug não falam mais comigo, mas falam com a Dri. Só a Rê fala comigo, e por isso a Nessa e o Doug não falam com ela. Como eu falo com a Rê, a Dri também não fala comigo. Então nosso grupo se dividiu em dois: eu com a Rê, e a Nessa com o Doug e a Dri.

Isso é muito chato, não queria que as coisas tomassem esse rumo. Não posso julgar a Dri e a Rê porque eu ainda não sei o que aconteceu entre elas, mas não consigo entender a atitude da Nessa e do Doug. Poxa, eles estavam escondendo as coisas da gente! Eles estão errados. Porque ficaram bravos comigo? EU é que deveria ficar brava com eles e virar a cara, não o inverso. Tenho certeza que se eu fosse conversar com eles, e contado que eu sabia, eles teriam negado tudo. Mas ah, sei lá, esse povo ta muito estranho. O intervalo é pior ainda, porque os grupos ficam perto, sempre soltando farpas. Normalmente quem começa a guerrinha é a Dri. Isso irritou a Rê, e ela foi tomar satisfações.


Renata: Ai, Adriana, você é uma biscate, sabia?
Adriana: E você é uma imatura! Porque você não cresce, heim? Ele nem gostava de você, qual o problema?

Opa! Tem homem no meio! Sempre que tem homem no meio a coisa muda de figura. A coisa ainda não está bem contada, mas eu to achando que a Rê gostava de algum carinha e a Dri ficou com ele. Quando, onde e como isso aconteceu, é um verdadeiro mistério.

Enquanto elas discutiam, a Nessa e o Doug viraram as costas pra mim e saíram andando. Ah, eu não ia deixar barato!


Débora: Qual o problema de vocês, heim?
Vanessa: Eu não tenho problema nenhum, você é que parece que tem.
Débora: EU? Péra, deixa eu ver se entendi: vocês ficam juntos, escondem de todo mundo, eu descubro sem querer, vocês voltam como se nada tivesse acontecido e EU é que tenho problema?
Douglas: Você poderia ter falado antes com a gente.
Débora: Vocês também poderiam ter me contado antes, né?
Vanessa: A gente ta se sentindo traído.
Débora: Eu também! Você foi lá em casa, Nessa, teve todas as oportunidades, porque não contou?
Vanessa: Sei lá, eu fiquei com medo que você não aprovasse.
Débora: EU? E porque eu não aprovaria? Eu sempre te apóio em tudo que você faz. Ficaria feliz por você ter perdido a sua BV. E outra, você não precisa da minha aprovação pra nada. Mas poxa, a gente é amiga há tanto tempo! Sempre trocamos tantas confidências. Parece que você não confia mais em mim...

Aí a Nessa me puxou de lado, sem que o Doug ouvisse e me explicou a atitude dela:


Vanessa: Sabe, Debby, eu gosto do Doug há um certo tempo, mas todo mundo sempre fica falando de você e dele como um casal. Eu ficava quieta, na minha, porque eu achava que vocês se gostavam, então nunca te contei que gostava dele. Aí no acampamento, sem você por perto, a coisa foi diferente, eu pude ver que o que existe entre vocês é só amizade.
Débora: Mas Nessa... Tudo bem, vai, eu entendo você, mas eu fiquei chateada, sabe? Eu gosto do Doug como o irmão que eu nunca tive. Se vocês se gostam, acho que têm que assumir isso.

Vendo por esse lado eu até acho que não fui justa com a Nessa e o Doug, mas é porque eu estava no escuro e com muita raiva deles terem me escondido que estavam juntos. Mas ainda bem que a minha amizade com a Nessa é verdadeira, e depois que ela foi sincera comigo, nem lembrei mais porque estava brava. Fiquei aliviada quando ela abriu um sorrisão e me abraçou. É claro que depois tudo voltou às boas com o Doug também.

O problema agora era a Dri e a Rê. Sinceridade e perdão não é o forte delas. E pra nós que ficamos no meio disso tudo, é muito complicado. O que a gente queria era poder fazer as duas conversarem como eu e a Nessa conversamos, mas cada um é cada um, e no caso a Dri é muito teimosa, muito cheia da verdade e o que ela pensa é o que todas devemos aceitar. Não sei até que ponto não compensa romper a amizade com ela, afinal ela não é uma pessoa fácil de se lidar, mas eu já a conheço há tanto tempo que meio que me acostumei com o jeito dela, sem querer mudá-la, mesmo que muitas vezes ela me magoe. Sei que no fundo ela não faz isso por mal, mas não custava nada ela tratar melhor as amigas.

Nem todo mundo gosta de ouvir verdades, e acho que a Dri jamais aceitaria ouvir o que temos a dizer para ela. Às vezes acho que a única forma de continuar a conviver com ela é dizendo sim a tudo que ela fala, concordar sempre com ela, e mesmo quando a coisa ta ruim, dizer que ta bom. Ela não gosta de ser contrariada, na verdade ninguém gosta, a diferença é que os outros escutam e mandam para aquele lugar mentalmente, mas a Dri não deixa barato e retruca, atazanando a pessoa até que ela ceda e concorde 100% com ela. Muitas vezes cedemos só pra ela parar de reclamar, e não porque necessariamente concordamos. E pode ter certeza que ela vai arrumar algum momento para te jogar isso na cara.

Tá, ninguém é perfeito, muito menos a Dri. Mas ela é engraçada, sempre tem uma história legal pra contar, tem muitas idéias e agita a turma. Graças a ela vamos a lugares que jamais imaginamos ir, conhecemos pessoas interessantes, rimos muito. Ela tem o seu lado bom, mas é que ultimamente, talvez por causa dos meus próprios problemas, eu esteja enxergando apenas o lado ruim da Dri. Será que estou julgando minha amiga por causa dos MEUS problemas? Será que estou colocando a culpa nela pelas minhas frustrações? Afinal ela é bonita, magra, já beijou tantos meninos... Ela é mais ou menos o que eu gostaria de ser. Não que eu a inveje de forma maldosa, mas às vezes gostaria que acontecesse comigo pelo menos a metade do que já aconteceu com ela. Nossa, será que estou fazendo exatamente o que a professora de redação mencionou?


A noite recebi uma ligação do Doug, dizendo que a Nessa estava na casa dele, e eles queriam que eu fosse lá, comer uma pizza. Daí eu pensei: poxa, é um final perfeito, pelo menos para nós três: acabar tudo em pizza.


Eu achei que eles iam me deixar de fora, mas não. Foi muito divertido, sabe? Rimos muito, comemos muito, ouvimos música, dançamos. Puxa, fazia tempo que eu não me sentia assim!


Daí falei pra eles ficarem juntinhos, porque eu ia tirar uma foto deles, porque um era o primeiro namorado do outro e isso era muito importante. Naquela hora uma alegria tomou conta geral, e o ambiente ficou ainda mais leve.


O Fernando tava passando por lá e ouviu a gente rindo. Sem cerimônia, ele começou a sair nas fotos com a gente. Nossa, tiramos tantas fotos legais!!! E, cá entre nós, o Fernando é MUITO gatinho!!! Mas nem vou ficar muito esperançosa, já não basta o que sofri com o Marcelo. Com certeza o Nando tem namorada. Ele é lindo, fofo, roqueiro, toca em banda... Claro que é comprometido.


Fernando: Você gosta de rock?
Débora: Ah, depende do rock.
Fernando: Toca algum instrumento?
Débora: Não. Mas acho guitarra e teclado muito legais.

Dessa vez era verdade, não inventei nada, como fiz com o Marcelo sobre o Stephen King...


Fernando: Se você quiser, eu posso te ensinar a tocar teclado.

Demorô!!!!!