Entre Amigas

Capítulo 14


Vanessa: E você falou com ele?
Débora: Falar o que, Nessa? É pior falar...
Vanessa: Mas você tem que colocar essa mina no lugar dela!
Débora: A Rê já me falou que ela vai lá quase todo dia na casa deles, a tarde.
Vanessa: E o Marcelo, o que diz disso?
Débora: Ele não me conta nada. E eu faço de conta que não sei.
Vanessa: É, amiga, nossos namoros andam estranhos.
Débora: Pior que a Rê me garantiu que ele não ficou com nenhuma menina nas férias. Você acha que é verdade?
Vanessa: Ah, eu acho que a Rê não mentiria sobre isso...


Débora: Mas e você e o Doug, heim?
Vanessa: Não sei, Debby. Não sei mesmo! Às vezes acho que a gente deveria terminar...
Débora: Ah, mas amiga, sei lá, vocês são muito novos e inexperientes pra rolar uma coisa dessas. Vai ver ele está com medo...
Vanessa: Primeiro eu achei que ele tava estranho porque eu não deixava rolar nada mais sério. Aí, quando eu comecei a deixar, ele ficou mais estranho ainda. Vai entender esses homens!
Débora: Mas vocês não...
Vanessa: Não! Eu não me sinto pronta, sabe? Eu tava deixando rolar porque eu amo o Doug, não quero perdê-lo. Mas não sei, tá tudo meio cabuloso. E você e o Marcelo?
Débora: Nunca também. Mas sei lá, com a Glaucia por perto... Você acha que eu deveria deixar rolar?
Vanessa: Ai, amiga, eu sou a pessoa menos indicada pra te dar qualquer conselho.
Débora: Nessas horas a Dri faz falta. Ela saberia nos aconselhar.
Vanessa: Claro que antes ela faria aquele longo discurso do quanto ela é linda, maravilhosa e experiente, mas depois diria a coisa certa.
Débora: O que será que aconteceu com ela?


Vanessa: Não faço a menor idéia. Mas, voltando ao assunto...
Débora: Sim, sim!
Vanessa: Eu acho que a gente não deveria fazer nada que a gente ainda não se sente pronta.
Débora: Mas o que eu faço com a Gláucia?
Vanessa: Eu acho que você deveria ter uma conversa séria com o Marcelo...
Débora: E eu acho que você deveria ter uma conversa séria com o Doug.
Vanessa: É, amiga, estamos ferradas, com F maiúsculo!


Não tem jeito: eu preciso tirar essa cisma. Quero ver eu chegar lá e dar de cara com a vaquinha. Nossa, não sei o que sou capaz de fazer! Acho que rodo a baiana com tudo que eu tenho direito!


Renata: Uai... Que aconteceu?
Débora: Me fala que a vagabunda não ta aqui...
Renata: Ela não ta, mas o Marcelo também não.
Débora: NÃO? E... E... E onde ele tá?
Renata: Eu não sei. Quando eu voltei do curso ele ainda não tinha chegado.
Débora (chorando): Ai, Rê, não sei mais o que fazer!
Renata: Calma, Debby, eu tenho certeza que não ta rolando nada entre eles.
Débora: Você tem certeza?
Renata: Claro! Vem, entra. Vamos ficar no meu quarto ouvindo música até ele chegar, aí vocês conversam.


Débora: O que você acha que eu devo fazer?
Renata: Vixe! Não sei o que eu faria nem no seu caso, nem no caso da Nessa.
Débora: Muito estranho o Doug ficar assim com ela.
Renata: Estranho mesmo.


Marcelo: Ouvi dizer que a minha mina tava aqui...


Cara, eu não quis nem saber se tava na frente da Rê, se o pai, a mãe, o irmão, o cachorro, gato, papagaio... Pulei mesmo em cima dele! Depois de tanto tempo longe um do outro, a gente merecia um pouco de privacidade. Fomos para o quarto dele.


Débora: Eu tava com tanta saudades de você!
Marcelo: Eu também!
Débora: Não via a hora da gente ficar junto. A Glaucia ta sempre no meio...
Marcelo: Esquece a Glaucia...
Débora: Fica difícil, com ela fazendo questão de ficar pendurada em você o tempo todo, e me excluir.
Marcelo: Você fica uma gracinha com ciúmes!
Débora: Não é ciúmes, Ma.
Marcelo: Você não tem porque ficar insegura.
Débora: Não?
Marcelo: Não.
Débora: Não mesmo?
Marcelo: Não mesmo.


Débora: Então me fala uma coisa?
Marcelo: Falo.
Débora: Honestamente?
Marcelo: Claro! Nunca menti pra você.
Débora: Quando você e a Glaucia saíam, vocês... Vocês... Ah... Vocês... Sabe?
Marcelo: Ah, Debby, pra que você quer saber isso?
Débora: Me responde, Marcelo.
Marcelo: Debby, todo mundo tem um passado. O que interessa é o presente. E no presente eu estou com você, eu amo você.
Débora: Mas isso é injusto, porque você sabe que eu nunca transei com ninguém. Eu preciso saber se você já transou com ela.
Marcelo: É diferente para os meninos, você sabe disso, Debby. Não quero falar sobre isso.
Débora: Se você não quer falar, então é porque aconteceu.


Marcelo: Isso é você que está falando.
Débora: Claro que sou eu! Você não quer falar...
Marcelo: Não quero mesmo! Eu sei bem como são as mulheres: elas falam que querem saber de tudo, mas quando a gente fala, a casa cai.
Débora: Você só está confirmando mais e mais, Marcelo.
Marcelo: Debby, vamos parar com essa discussão boba, por favor? Eu não quero te magoar com coisas do passado.
Débora: Então você transou com ela! Meu Deus, como pôde?
Marcelo: Ai, meu Deus...
Débora: Onde você estava esta tarde?
Marcelo: Debby, porque essa desconfiança toda?
Débora: Fala, Marcelo! Onde você estava esta tarde?


Marcelo: TÁ BOM, TÁ BOM! Você quer saber? Eu estava na casa da Glaucia.

Débora fica atônita.

Marcelo: Você quer MESMO saber? A minha primeira vez foi com ela.

Débora continua atônita.

Marcelo: Você quer saber mais? Foi a primeira vez dela também. E você quer saber mais um pouco? NADA, absolutamente NADA aconteceu entre nós desde que ela voltou. Nós ficamos ouvindo música e falando de viagens. Eu não sinto mais nada por ela que não seja uma grande amizade. Eu não te contei nada antes porque não queria te magoar e porque não considero isso importante para o NOSSO relacionamento. Pronto. Satisfeita?


Marcelo: Debby, volta aqui!


Marcelo: Não vá embora assim. Você queria saber a verdade e ela está aí.
Débora: Me diga apenas mais uma coisa. Se eu transar com você, você...
Marcelo (interrompendo Débora): Não é uma questão de sexo, Debby. Você precisa entender isso.
Débora: Então é uma questão de que?
Marcelo: Eu sei que vocês, meninas, acham que nós, homens, só queremos saber de sexo. Mas não é bem assim. Nós também sabemos amar e valorizar quem amamos. Se a gente não transou ainda é porque não chegou o momento certo, e não por causa da Glaucia. Você consegue me entender?
Débora: Desculpe, eu não deveria ter vindo. Só quero ir embora.
Marcelo: Péra, vou colocar um casaco e te acompanhar.
Débora: Não precisa.
Marcelo: Não vou deixar você ir andando sozinha nervosa assim.
Débora: Mas eu prefiro ficar sozinha, andar pra clarear a mente.
Marcelo: Tá bem. Então eu te ligo mais tarde.
Débora: Não, por favor.
Marcelo: Debby...
Débora: Por favor!


Quando eu cheguei em casa fiz uma coisa que queria fazer a muito tempo: mandei um e-mail gigantesco para a Dri, vomitando tudo o que estava sentindo em relação ao sumiço dela e tudo que aconteceu no ano passado, minha relação com o Marcelo e a volta da Glaucia. Eu sabia que ela não me responderia, mas naquele momento eu só queria desabafar. Depois que escrevi o e-mail, entrei naquele chat divertido. E o c@rinhoso estava online. Pode parecer bobagem, mas encontrar uma “cara amiga” foi um certo alívio. Eu estava precisando espairecer um pouco. Rir.

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