3º Capítulo


Encontrava-me entrando na adolescência, onde deveria aprender como monitorar os principais estabelecimentos de New Rose. Meus professores cobravam o máximo de mim. Diziam que eu tinha que tirar nota 10 em tudo, para poder guiar a cidade e os habitantes com sabedoria e conhecimento, assim, ao falecer, eu seria reconhecida como aquela que desempenhou seu papel de maneira satisfatória.

Sendo assim, eu passava horas estudando, lendo, pesquisando e apreendendo. O computador se tornou uma utilidade indispensável na minha vida.

Os jornais se tornaram de grande importância para mim, já que eu precisava estar atualizada, saber o que se passava pelo meu território e imaginar possíveis soluções para aqueles problemas. Eu estava treinando para o futuro.

Mas eu preferia que não fosse assim. No fundo, no fundo mesmo, eu não me sentia nem um pouco preparada para assumir o lugar da minha mãe.

Ás vezes, tudo o que eu queria era que os momentos em que ajudava a Sr. Fátima a cuidar de suas plantas fossem eternos. Ás vezes, tudo o que eu queria era dormir e não acordar mais.

Devido ao meu esforço, tornei-me a mais inteligente entre as garotas da minha idade. Além disso, era muito bela, do contrário de quando era um bebê.

Mas de nada me adiantava sendo que não tinha amigas. De nada adiantava minhas paqueras se corresponderem se eu não podia namorar.

Minha festa de 15 anos foi maravilhosa, mas não foi completa. Faltava a presença do meu pai, faltava amigas ao meu redor, faltava um sorriso nos lábios da minha mãe.

Sandra: 15 anos. Agora você já tem idade para se casar.
Anie: Mãe, essa conversa de novo? Já não está decidido que vou reinar assim que tiver maior idade?
Sandra: Se você se casasse agora, já poderia assumir os negócios da família.

Mal dormi naquela noite. Revirava-me na cama sem sono, perturbada com as palavras da minha mãe. Para que tanta pressão? Lembrei-me das vezes que eu era criança, e ficava sentada sobre a cama buscando forças para não chorar. Eu tinha muitos pesadelos e sempre acordava no meio da noite. Eu estava me sentindo do mesmo jeito agora.

Tinha coisas que simplesmente não dava para eu contar para a Sr. Fátima. Ela era um amor de pessoa, mas não era minha babá, e sim a governanta da mansão. Então, eu compartilhava tudo com um urso de pelúcia que carregava comigo desde quando era um bebê. Talvez fosse  hora de procurá-lo e compartilhar com ele as minhas tristezas.

Apesar de que eu estava me tornando uma mulher e, portanto, tinha que agir de acordo, com maturidade, mesmo não podendo contar com o apoio de ninguém.

Sem sono, agarrei um dos livros da minha estante e pus-me a ler. Passei a madrugada inteira assim, tentando me distrair do pesadelo que estava sendo a minha vida.

Mas assim que me levantei e me deparei com o espelho, dei-me conta da minha situação. Sim, aquilo era olheiras! Eu estava com olheiras. De preocupação? Tristeza? Noites mal dormidas? Não sei. Só sei que fiquei agoniada com a minha aparência. Cadê a garota que esbanjava alegria pelos corredores do castelo?

Por fim, deitei-me na cama e dormi entre as lágrimas, sem nem ao menos apagar a luz, por meu pijama ou tirar os sapatos. Nada parecia ter mais importância.