Lorena Frantz
Capítulo 2 - O Ladrão de Jóias
Por Meh Souza

Acordei na manhã de quarta-feira com borboletas no estomago. Eu era uma garota totalmente confiante e tudo mais, mas a ideia de começar numa escola nova me deixou um tanto enjoada. Nunca tinha experimentado tal sensação, já que nasci e cresci em Sunset Valley, portando estudei na mesma escola por toda a vida, e a única ansiedade presente era quando trocava alguns alunos de sala com a virada do ano ou quando entrava um aluno novo.
Agora a aluna nova era eu.

Minha mãe sempre saia de casa primeiro que eu. Geralmente, quando eu estava levantando da cama ela já estava pronta. Então ela me dava um beijo de despedida e eu descia para tomar café sozinha, já que a Samanta era a primeira a acordar na casa e, portando, a primeira a tomar café da manhã. Os únicos dias em que eu e a minha mãe sentávamos juntas na hora do café era nos finais de semana, quando ela tinha folga do trabalho.
Percebi que ela também estava ansiosa com o emprego novo na Associação Hueder, ainda que tivesse alguns contatos na empresa. Ela não parava de verificar se a maquiagem, a roupa e o cabelo estavam ok.

Como de costume, o cotidiano de Samanta se resumia em servir as refeições e manter a casa limpa. Ela era uma pessoa muito eficiente, e não brincava em serviço. Apesar de termos um carinho especial a ponto de sentir que ela já era parte da família, Samanta não deixava de usar uniforme, quase nunca sentava conosco na mesa, não se intrometia em assuntos particulares, acordava pontualmente às 5h30 e passava o mínimo possível no telefone.
Sei que ela ligava para mãe quase todos os dias, e quando a casa estava ok ela pegava um daqueles romances melosos na estante e lia em seu quarto. No seu quarto também tinha uma televisãozinha. Aliás, logo percebi que Lily adorava assistir televisão. No seu tempo de folga, Samanta ia para a rua e não voltava mais. Se ela passava o tempo no salão de beleza ou fazendo novos amigos, não contava e a gente não perguntava nada.

A Crestview era uma escola grande, para minha surpresa. Não maior que a Escola Comunitária de Sunset Valley, mas maior do que eu imaginava, levando em conta que a cidade era um tanto pequena.
Logo vi que não era adequada àquele lugar. Na minha escola antiga as meninas se arrumavam para ir estudar. Ali, todos estavam bastante simples, como se tivessem ido a esquina comprar pão. E os meninos não eram uns vândalos, eles estudavam de verdade!
Eu já era notada por ser nova, mas minha aparência não ajudou muito. Praticamente ninguém puxou papo comigo, e ouvi burburinhos bobos sobre eu ser metida e tal. Patricinha: era assim que estavam me chamando.

Não fiquei exatamente ofendida, mas imaginei que as coisas seriam bem diferentes. Não me senti muito bem vinda. De qualquer forma, vi que precisava me esforçar para me adequar à nova escola, e eu estava um pouco atrasada na matéria.
Não tinha culpa se os alunos eram totalmente CDF’s. Na minha escola antiga as meninas pareciam competir moda. Nessa escola eles competiam a melhor nota. Minha média era sete! Eu realmente me sentia uma garota inteligente antes de vir pra cá.
Quando minha mãe chegou eu não quis conversar sobre a escola, fingi que estava tudo bem. Ela disse que tínhamos uma cultura diferente da local, então era normal eu me sentir um pouco deslocada no início.

Naquela mesma noite, como se eu já não estivesse com o humor abalado, sofremos um assalto. Não que isso nunca tenha acontecido em Sunset, mas, poxa, éramos novos na vizinhança e já éramos alvos de assalto! A primeira coisa que veio na minha mente era que isso só podia ser comum por aqui.
O bandido entrou pela porta dos fundos, e só percebi uma movimentação estranha na casa por que Lily ficou toda inquieta em sua caminha, com as orelhas alertas. Ela era muito medrosa para atacar o sujeito ou algo do tipo, mas me acordou assim que notou algo de errado.

Ouvi uns barulhos no andar de baixo e peguei meu celular na hora. Não sabia se ligava para minha mãe ou para a polícia. Fiz os dois.
Primeiro liguei para minha mãe e disse para ela acordar a Samanta que eu ia ligar para a polícia. Confesso que fiquei impressionada com a rapidez deles.

Quando a polícia chegou, minha mãe estava aos prantos. Nem acredito que ela ficou cara a cara com o ladrão e teve a audácia de tentar reagir! Não via que estávamos correndo um risco de vida?
Mantive-me dentro do quarto, como ela ordenou, enquanto a cena se desenrolava lá fora. Não resisti e coloquei o olho na fechadura para ver o que estava acontecendo. Não sou preconceituosa nem nada, mas a policial me pareceu uma mulher tão frágil que não acreditei quando ela encaminhou o sujeito para fora de casa.

9

O ruim de morar em cidade pequena é que notícias assim correm rápido. Metade da vizinhança estava na frente da nossa casa assistindo tudo! Não me surpreenderia se saíssemos no jornal da manhã, parecia que todos estavam com seus celulares a postos.

Fiquei mais surpresa ainda quando um dos moradores do local interviu, encarando o bandido e tudo mais. Havia sido muito covardia do sujeito erguer a mão para uma mulher, ainda que ela fosse policial.
O cara se chamava Benjamin Schmidt e era nosso vizinho da frente. Já havia reparado nele antes, sabia que morava sozinho e tinha um cachorrão bem bravo. Não pude deixar de notar o modo como minha mãe olhou para ele, cheia de admiração.

Como imaginava, ele lhe dera um belo trato, o suficiente para ele parar de resistir à prisão. Quando a situação finalmente ganhou controle, o dia já amanhecia e partes das pessoas tinham voltado para suas casas.
Estava tão exausta que mamãe me deixou tirar o dia de folga, então não fui para a escola. Samanta também estava bastante assustada. Ela preparou um café quente para tomarmos juntas depois que eu acordei, de tardezinha.
Minha mãe foi trabalhar receosa, e disse que chegaria em casa mais tarde porque teria que passar na delegacia para algumas formalidades.

Quando ela chegou, fiquei surpresa com os fatos. O nome do ladrão era James Silver, e ele era especialista em furto de joias. Naturalmente, vasculhou nossa casa inteira a procura de um cofre secreto que guardasse joias da família ou algo do tipo e, como não encontrou, não havia levado muita coisa de importância com ele. Fazia tempo que estavam procurando pelo sujeito, que já havia invadido muitas lojas na cidade, e como éramos recentes nos tornamos um alvo fácil.
Mas tudo estava acabado, prometeu-me mamãe. Ele ficaria preso por um bom tempo e, através dos detalhes de seu depoimento poderiam pegar o restante da quadrilha.

O fato de saber que havia toda uma quadrilha solta por aí não me deixava nada contente. Precisaríamos aumentar a segurança na residência, se não poderiam vir atrás de nós por vingança ou... Não gostava nem de pensar no assunto. Não queria ter cogitado essa ideia.
Elisabete: Sei o que está pensando, filha. Mas eu nunca vou te deixar, entendeu bem? Não há por que se preocupar. O seu pai deu motivo para que tudo aquilo acontecesse... Você entende que precisa superar o passado e não deixar que isso te abale...

Lorena: Não quero falar sobre isso, por favor, mamãe.
A ideia de perder mais uma pessoa da família era simplesmente insuportável. Já me bastante ter ficado órfã de pai quando tinha meus dez anos.

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