Lorena Frantz
Capítulo 11 - Motivos para Comemorações
Por Meh Souza

Mesmo falando com cautela, explicando que meus motivos eram pessoais, que ele era um namorado ótimo, mas que não era para mim, Gabriel não quis compreender.
Gabriel: Eu simplesmente não entendo por que você está terminando comigo, Lorena! Por acaso eu te negligenciei em algum momento? Eu te fiz infeliz?
Lorena: Não, Gabriel, já disse, você é um cara maravilhoso, e nosso namoro era perfeito, mas... Eu não estou mais apaixonada, é isso.

Gabriel: Tem outro cara, não é? Você está apaixonada por outra pessoa e não quer confessar. Aliás, até desconfio de quem seja... Eu não vou deixar isso barato, Lorena! E os planos que fizemos? Nada mais importa para você, né?
Ele estava transtornado, com o orgulho ferido. O que mais me irritava era essa coisa de dizer que vai se vingar, que o outro não me merece, que eu ia me arrepender. Mas não havia outro. E eu tinha certeza do que estava fazendo.

Lorena: Eu realmente gostaria que continuássemos amigos, Gabriel. Você é especial para mim. Estou pensando seriamente em estudar numa boa escola de artes que fica longe daqui, de qualquer forma não daria para continuarmos esse namoro a distância.
Gabriel: Você é uma egoísta mimada que só pensa em si própria. E os meus sentimentos? Onde ficam? Era amor de verdade, Lorena. Eu queria te dar a Lua e o Sol. Você nunca me amou, não é mesmo? Só queria minha companhia para recuperar seu status de garota popular. Se me amasse não haveria motivos para nos separarmos, nem a distância impediria nosso amor de florescer...
E blá blá blá. Vi que aquela conversa não ia dar em nada e que ele precisava de um tempo para assimilar que tudo acabou.

Não podia continuar na cidade com Gabriel me perseguindo, isso era certo. Ele me ligava bêbado altas horas da noite para me perturbar dizendo que sua vida não tinha sentido. Benni achava tudo hilário, mas eu sabia que ela sentia pena dele, afinal ela deu a maior força para esse namoro der certo. Não sei dizer em que momento deixei de amá-lo, simplesmente aconteceu, comecei a achar mais defeitos do que qualidades nele.
Portanto, na hora do jantar resolvi comunicar minha decisão à minha família.
Lorena: Como meu pai vai arcar com os custos da faculdade, ele me deu o privilégio de escolher qual eu quiser e, bem, gostaria de prestar vestibular na melhor escola de artes do país, que fica em...
Elisabete: Não! Você morando num alojamento longe da família e sozinha numa cidade desconhecida, Lorena? Acha mesmo que vou permitir isso?
Lorena: Mas mãe, é o meu futuro...

Foi muito difícil convencer minha mãe, até porque ela estava meio brava com meu término com Gabriel, ela gostava muito dele. Vi que ela também precisava de um tempo para pensar. Poxa, eu estava concluindo o ensino médio e em breve me tornaria maior de idade, tinham que me deixar tomar minhas próprias decisões!
Aliás, sair da escola foi um alívio. Não aguentava mais cruzar com Gabriel nos corredores e ouvir os comentários de como eu era injusta e ingrata. Além disso, graças a fofoqueira da Benni estava rolando uns burburinhos de que ia para a FACULDADE DE ARTES, o que era o fim para muitos invejosos ali.
De qualquer forma, já havia me inscrito no vestibular e passaria o final de semana longe, a viagem de ida e volta de avião levaria algumas horas, eu precisava de tempo para revisar o conteúdo do ensino médio e mais cinco horas para fazer a prova no campus.

Apesar de ter feito jogo duro no começo, era lógico que minha mãe estava satisfeita com minha decisão, principalmente depois de eu convencer Benni de ir comigo, mesmo que ela nem ao menos soubesse o que estudar.
Graças à influência de Santiago, minha mãe havia se tornado uma grande executiva, então ela passava muito tempo preparando reuniões e cuidando de Erick para se preocupar comigo.

Nos finais de semana, quando ela não tinha alternativa a não ser ficar com Erick já que era folga de Samanta, ela passava o tempo em conferências online com instituições estrangeiras. Ela adorava isso.
Além disso, ela e Santiago estavam planejando fazer um grande investimento comprando parte das ações da Associação Comercial Hueber, e isso significaria tornarem-se sócios da melhor empresa da região e assegurar um bom lucro anual.

Enfim, minha mãe era a mulher maravilha para mim. Apesar das barras pesadas que ela enfrentou durante minha criação, todo seu esforço tinha valido a pena: agora ela estava se sentindo realizava profissionalmente, tinha um casamento perfeito com um homem normal que lhe amava de verdade e poderia dar tudo do bom e do melhor para Erick.
Até os ouvi comentando sobre a possibilidade de ter mais um bebê.
E eu pretendo estar muito longe quando resolverem colocar esse plano em prática, é claro.

Eu sentiria falta deles, mas esperava que os estudos ocupassem grande parte do meu tempo. Além disso, manteríamos contato pela internet e pelo telefone, e eu viria para casa nas férias. Ainda não sabia se poderia levar a Lily comigo, mas o mais provável é que teria que deixá-la. O que eu mais temia é que eles não sentissem minha falta. É lógico que queria que ficassem bem, mas tinha medo de no fundo se sentirem aliviados por eu estar saindo de casa, afinal pareciam tanto uma família completa sem mim. Dizem que quando a gente sai da casa dos pais nunca mais volta. E três anos longe era o suficiente para eu aprender a me virar sozinha e amadurecer, acredito eu.

Benni e eu resolvemos fazer uma festinha do pijama para nós duas assim que retornamos do vestibular. As provas tinham sido muito difíceis e precisávamos relaxar. Além disso, queríamos relembrar um pouco da nossa adolescência que eu sentia que estava ficando para trás.
Então, alugamos um bom filme de terror e compramos nossa pizza favorita.

Quando nos deitamos para dormir já era altas horas da madrugada.
Lorena: Benni, o que sua família achou de você sair da cidade comigo?
Benni: Considerando que meus pais estão tendo o maior trabalhão com a minha avó que adoeceu, acho que eles ficaram um pouco tristes por eu não poder ficar para ajudar. Além disso, se vovó bater as botas e eu não estiver aqui para me despedir vou me sentir malzona.
Lorena: Ta, mas eles não tentaram te impedir de ir? Não disseram que vão sentir sua falta?
Benni: Claro que não, estão mais do que orgulhosos que eu vou para a faculdade, acreditam que eu finalmente tomei juízo e não param de falar em quanto você é uma boa companhia para mim.
Não era bem isso que eu queria ouvir.

No dia seguinte minha mãe nos acordou bem cedo para o café da manhã. Santiago já estava vestido e pronto para sair, parece que ia viajar e almoçar com alguém importante.
Naquela manhã Samanta me deu um abraço daqueles dizendo que ia sentir minha falta e que iria fazer o possível para cuidar de Lily enquanto eu estivesse longe. Fiquei tão emocionada e me senti bem pela primeira vez naquela semana com a ideia de estar saindo de casa.

Lily não gostava do carteiro. Eu tinha sérias suspeitas de alguma vez ele tentou lhe fazer mal. Ele passava toda semana para entregar as contas, a revista que minha mãe assinava, livros que meu padrasto lia e cartas empresariais. Eu raramente recebia alguma coisa, portanto, quando vi meu nome em um dos envelopes soube logo o que era antes de abrir: o resultado do meu vestibular.
A carta dizia que eu tinha passado e listava o procedimento necessário para fechar a matrícula. Corri para dentro de casa toda alegre, comuniquei a família e liguei para Benni. Felizmente ela também havia passado na prova, ainda que de raspão. Agora era certeza: Iríamos para a faculdade!

Naquela noite, eu e Benni saíamos para comemorar. Por um momento, me vi ansiosa para conhecer novas pessoas, estudar o que eu gosto e garantir a minha independência. Mas não demorou muito para que eu começasse a expor minha aflição.
Lorena: Poxa, Benni, me sinto tão dividida. É uma fase nova da vida, e me sinto tão insegura. Talvez eu ainda não esteja preparada para sair de casa...
Benni: Não diga besteiras, sua família está te dando a maior força!
Lorena: Exatamente! Parece que não veem a hora de se verem livres de mim.
Benni: Lorena, esse é o seu sonho. Eles só estão te incentivando. E, aliás, são só alguns meses até se verem de novo.
Lorena: E se lá não for como estou pensando? Lembro-me como me senti mal ao vir pra cá, como se senti deslocada e tudo mais e...
Benni: Ei... Eu vou estar com você, lembra? Melhores amigas.
E quando ela disse isso eu simplesmente acreditei e me confortei com a ideia. A Benni podia ser a garota esquisita do colegial, mas a neurótica era eu. Sempre iríamos estar uma com a outra para garantir a sanidade.

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